Recentemente a DSBM - Depressive Suicidal Black Metal Brazil
teve o prazer de entrevistar o fundador e único membro da incrível banda
Unguilty
É impossível pensar em cenário underground nacional sem
esbarrar por essa incrível banda.
Poderia falar um pouco de como surgiu o Unguilty e qual o
propósito por trás da banda.
F.R - Criei o Unguilty no último mês de 2018, aos 18 anos de
idade. A motivação foi bastante simples: eu compunha muitas músicas e queria
poder fazer algo com elas além de apenas deixa-las arquivadas. Então, “por que
não criar uma banda para poder lançar essas músicas?”, pensei. E assim surgiu
meu primeiro projeto musical que de fato, produziu e lançou algum material.
Como foi o processo de composição do último álbum,
"Beyond The Black Horizon" lançado em Janeiro. Vimos que inclusive
você mesmo desenvolveu a arte do disco.
F.R - “Beyond The Black Horizon” foi meu primeiro trabalho
lançado através de uma gravadora, e isso me fez olhar para cada música com mais
atenção. Na época, minha rotina estava bastante desgastante e podia compor
apenas em alguns momentos, quando havia tempo livre. Por isso, a composição
levou tempo. Enquanto o álbum anterior, “Legacy Of Misery”, foi escrito inteiro
em cerca de um mês, este último levou pelo menos dois meses. Mas também,
resultou no meu trabalho mais refinado até o momento, fruto de muito estudo
sobre a teoria e produção musical. Parte deste esforço resultou também na arte
da capa, que pintei utilizando tinta nankin. Mostra uma representação abstrata
de um pássaro solitário voando acima de um desolado horizonte, referência à
letras do próprio álbum.
Você costuma compor em inglês, existe algum motivo
específico para isso ou é a forma de se expressar em que você se sente mais a
vontade?
F.R - Embora a Unguilty seja ainda pouco conhecida, é uma
parte muito importante de minha vida. E tenho pretensão de que venha a se
tornar uma banda maior. Por isso, escrevo em inglês como uma forma de facilitar
o alcance de públicos não apenas nacionais, mas também estrangeiros.
Qual o motivo do projeto levar o nome "Unguilty"
F.R - Acho interessante a ideia de alguém ser eximido da
culpa de algo. Traz certa angústia pensar que, da mesma forma que alguém pode
ser inocentado, também pode ser condenado. É uma dualidade drástica, porém
muito simples. Além também de achar a sonoridade da palavra muito bonita.
Não é muito comum bandas de DSBM se apresentarem ao vivo,
você tem interesse de um dia levar a Unguilty aos palcos?
F.R - Nunca me apresentei ao vivo para grandes públicos, mas
é algo que sempre tive vontade. Porém, ainda não sei dizer se a música no
Unguilty seria algo que eu gostaria de apresentar desta forma. Minhas
composições são muito íntimas, além de por vezes, possuírem certas atmosferas
que poderiam não ser ideiais para uma apresentação ao vivo. Por isso, sinto
certo estranhamento quando penso sobre isso, mas acredito ser apenas um
nervosismo natural. Contudo, não descarto a possibilidade.
Quais bandas e álbuns você tem escutado ultimamente? Elas
servem de influência direta no som da banda?
F.R - Costumo variar bastante o que ouço, mas ultimamente,
tenho ouvido muito Empyrium, Agalloch, Paradise Lost, Saturnus, Forgotten
Tomb... geralmente algo envolvendo o black e o doom. As influências do que ouço
estão sempre presentes em minhas composições. Em minha primeira Demo, por
exemplo, é clara a influência de Nocturnal Depression, que ouvia muito na
época.
A quarentena vem despertado a criatividade de diversos
artistas que estão aproveitando a mesma para compor e lançar novos materiais,
isso também se aplica a você?
F.R - Certamente. Com mais tempo livre, posso me dedicar
muito mais à música - tanto a composição quanto a produção – e aos meus planos
de eventualmente criar um selo musical. Porém, infelizmente ainda não lancei
músicas novas neste período pois o selo do qual faço parte é da Itália, país
que tem passado por um período turbulento devido à presente pandemia, o que
afetou seu trabalho. Mas já entrei em contato com seu representante e em breve,
deve haver um novo EP do Unguilty, que já está pronto para ser lançado.
A Unguilty faz parte do selo italiano "Visionaire
Records" na sua opinião, o quanto influencia um projeto de dsbm fazer
parte ou não de um selo/gravadora.
F.R - A distribuição de músicas e o alcance que elas terão
podem ser muito maiores através de um selo, se comparado com o que seria se for
como artista independente. Porém, estando em um selo, naturalmente você estará
abdicando de parte do lucro financeiro que vem de sua música e também, não terá
todo o controle dela (como a fiscalização das estatísticas de distribuição).
Então, acredito que estar em um selo pode ser um grande passo para um artista,
mas saber administrar o próprio projeto de maneira independente também pode
trazer ótimos resultados (principalmente no início).
Fale um pouco sobre sua trajetória como músico. Você
participou de projetos anteriores?
F.R - Comecei a estudar música aos 14 anos de idade, quando
ganhei meu primeiro instrumento – um baixo. Durante minha adolescência,
participei de algumas bandas de alguns amigos, mas nunca algo sério. Era apenas
por diversão. Então, aos 17 anos, criei minha primeira banda (chamada
Naeramarth, teve o nome trocado para Úmarth) com um amigo e chegamos a gravar
um EP, mas este nunca foi lançado. A banda acabou sendo esquecida, e não
participei de nenhum outro projeto depois, até criar a Unguilty.
O que você acha da cena de Depressive Black Metal nacional,
você acompanha o trabalho de alguma banda/ projeto em especial?
F.R - A cena no Brasil é enorme, mas ainda pouco
desenvolvida. A todo o momento surgem novos projetos, muitos de grande
qualidade. Mas ainda sinto a falta de algo que impulsione essas produções para
que possam de fato, mostrar seu potencial e quem sabe, tornar-se um projeto
grande e reconhecido. Desde que criei o Unguilty e comecei a acompanhar mais
ativamente a cena, percebi que muitos artistas se esforçam muito em sua busca
pelo reconhecimento, assim como eu. Isso me faz crer que é uma questão de tempo
para a cena brasileira se tornar uma de destaque internacional. Acompanho
diversos lançamentos em grupos de redes sociais e o alcance que estes meios
digitais proporcionam, quando bem utilizados, é enorme. Por isso, não costumo
acompanhar projetos específicos, mas ouvir um pouco de tudo que encontro.
Conclusões Finais
F.R - Gostaria de agradecer à DSBM Brazil por me dar esta
chance de falar sobre minha banda, que é tão importante para mim, e por todo o
trabalho que a página vem fazendo pela cena do DSBM nacional. É admirável, e
espero poder participar ainda de mais artigos e projetos futuros. Agradeço
também à todos que vem me apoiando e dando suporte à minha música. Em breve,
haverá material novo pela Unguilty!
Bandcamp
Facebook
Spotify
Vocês podem encontrar todos os lançamentos da Unguilty nesses links:
Youtube Bandcamp
Spotify
Créditos pela entrevista: Orlög Black Art, DSBM - DepressiveSuicidal Black Metal Brazil e Discografias Do Metal Negro.
(Esta entrevista também se encotra disponível na página DSBM- Depressive Suicidal Black Metal Brazil)
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