quarta-feira, 1 de julho de 2020

Unguilty - Entrevista

Recentemente a DSBM - Depressive Suicidal Black Metal Brazil teve o prazer de entrevistar o fundador e único membro da incrível banda Unguilty
É impossível pensar em cenário underground nacional sem esbarrar por essa incrível banda.


Poderia falar um pouco de como surgiu o Unguilty e qual o propósito por trás da banda.

F.R - Criei o Unguilty no último mês de 2018, aos 18 anos de idade. A motivação foi bastante simples: eu compunha muitas músicas e queria poder fazer algo com elas além de apenas deixa-las arquivadas. Então, “por que não criar uma banda para poder lançar essas músicas?”, pensei. E assim surgiu meu primeiro projeto musical que de fato, produziu e lançou algum material.

Como foi o processo de composição do último álbum, "Beyond The Black Horizon" lançado em Janeiro. Vimos que inclusive você mesmo desenvolveu a arte do disco.

F.R - “Beyond The Black Horizon” foi meu primeiro trabalho lançado através de uma gravadora, e isso me fez olhar para cada música com mais atenção. Na época, minha rotina estava bastante desgastante e podia compor apenas em alguns momentos, quando havia tempo livre. Por isso, a composição levou tempo. Enquanto o álbum anterior, “Legacy Of Misery”, foi escrito inteiro em cerca de um mês, este último levou pelo menos dois meses. Mas também, resultou no meu trabalho mais refinado até o momento, fruto de muito estudo sobre a teoria e produção musical. Parte deste esforço resultou também na arte da capa, que pintei utilizando tinta nankin. Mostra uma representação abstrata de um pássaro solitário voando acima de um desolado horizonte, referência à letras do próprio álbum.


Você costuma compor em inglês, existe algum motivo específico para isso ou é a forma de se expressar em que você se sente mais a vontade?

F.R - Embora a Unguilty seja ainda pouco conhecida, é uma parte muito importante de minha vida. E tenho pretensão de que venha a se tornar uma banda maior. Por isso, escrevo em inglês como uma forma de facilitar o alcance de públicos não apenas nacionais, mas também estrangeiros.

Qual o motivo do projeto levar o nome "Unguilty"

F.R - Acho interessante a ideia de alguém ser eximido da culpa de algo. Traz certa angústia pensar que, da mesma forma que alguém pode ser inocentado, também pode ser condenado. É uma dualidade drástica, porém muito simples. Além também de achar a sonoridade da palavra muito bonita.


Não é muito comum bandas de DSBM se apresentarem ao vivo, você tem interesse de um dia levar a Unguilty aos palcos?

F.R - Nunca me apresentei ao vivo para grandes públicos, mas é algo que sempre tive vontade. Porém, ainda não sei dizer se a música no Unguilty seria algo que eu gostaria de apresentar desta forma. Minhas composições são muito íntimas, além de por vezes, possuírem certas atmosferas que poderiam não ser ideiais para uma apresentação ao vivo. Por isso, sinto certo estranhamento quando penso sobre isso, mas acredito ser apenas um nervosismo natural. Contudo, não descarto a possibilidade.

Quais bandas e álbuns você tem escutado ultimamente? Elas servem de influência direta no som da banda?

F.R - Costumo variar bastante o que ouço, mas ultimamente, tenho ouvido muito Empyrium, Agalloch, Paradise Lost, Saturnus, Forgotten Tomb... geralmente algo envolvendo o black e o doom. As influências do que ouço estão sempre presentes em minhas composições. Em minha primeira Demo, por exemplo, é clara a influência de Nocturnal Depression, que ouvia muito na época.


A quarentena vem despertado a criatividade de diversos artistas que estão aproveitando a mesma para compor e lançar novos materiais, isso também se aplica a você?

F.R - Certamente. Com mais tempo livre, posso me dedicar muito mais à música - tanto a composição quanto a produção – e aos meus planos de eventualmente criar um selo musical. Porém, infelizmente ainda não lancei músicas novas neste período pois o selo do qual faço parte é da Itália, país que tem passado por um período turbulento devido à presente pandemia, o que afetou seu trabalho. Mas já entrei em contato com seu representante e em breve, deve haver um novo EP do Unguilty, que já está pronto para ser lançado.

A Unguilty faz parte do selo italiano "Visionaire Records" na sua opinião, o quanto influencia um projeto de dsbm fazer parte ou não de um selo/gravadora.

F.R - A distribuição de músicas e o alcance que elas terão podem ser muito maiores através de um selo, se comparado com o que seria se for como artista independente. Porém, estando em um selo, naturalmente você estará abdicando de parte do lucro financeiro que vem de sua música e também, não terá todo o controle dela (como a fiscalização das estatísticas de distribuição). Então, acredito que estar em um selo pode ser um grande passo para um artista, mas saber administrar o próprio projeto de maneira independente também pode trazer ótimos resultados (principalmente no início).


Fale um pouco sobre sua trajetória como músico. Você participou de projetos anteriores?

F.R - Comecei a estudar música aos 14 anos de idade, quando ganhei meu primeiro instrumento – um baixo. Durante minha adolescência, participei de algumas bandas de alguns amigos, mas nunca algo sério. Era apenas por diversão. Então, aos 17 anos, criei minha primeira banda (chamada Naeramarth, teve o nome trocado para Úmarth) com um amigo e chegamos a gravar um EP, mas este nunca foi lançado. A banda acabou sendo esquecida, e não participei de nenhum outro projeto depois, até criar a Unguilty.

O que você acha da cena de Depressive Black Metal nacional, você acompanha o trabalho de alguma banda/ projeto em especial?

F.R - A cena no Brasil é enorme, mas ainda pouco desenvolvida. A todo o momento surgem novos projetos, muitos de grande qualidade. Mas ainda sinto a falta de algo que impulsione essas produções para que possam de fato, mostrar seu potencial e quem sabe, tornar-se um projeto grande e reconhecido. Desde que criei o Unguilty e comecei a acompanhar mais ativamente a cena, percebi que muitos artistas se esforçam muito em sua busca pelo reconhecimento, assim como eu. Isso me faz crer que é uma questão de tempo para a cena brasileira se tornar uma de destaque internacional. Acompanho diversos lançamentos em grupos de redes sociais e o alcance que estes meios digitais proporcionam, quando bem utilizados, é enorme. Por isso, não costumo acompanhar projetos específicos, mas ouvir um pouco de tudo que encontro.

Conclusões Finais

F.R - Gostaria de agradecer à DSBM Brazil por me dar esta chance de falar sobre minha banda, que é tão importante para mim, e por todo o trabalho que a página vem fazendo pela cena do DSBM nacional. É admirável, e espero poder participar ainda de mais artigos e projetos futuros. Agradeço também à todos que vem me apoiando e dando suporte à minha música. Em breve, haverá material novo pela Unguilty!

Vocês podem encontrar todos os lançamentos da Unguilty nesses links:
Youtube 
Bandcamp
Facebook
Spotify

(Esta entrevista também se encotra disponível na página DSBM- Depressive Suicidal Black Metal Brazil)

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